domingo, 31 de agosto de 2008

Temos nosso próprio tempo!

Uma das coisas que mais me irritava era a seguinte colocação: "Você é forte. Deus dá a cada um a cruz que pode carregar, nem mais leve, nem mais pesada”.Isto me fazia sentir culpada, ficava imaginando que se não fosse tão forte como os outros diziam, talvez o Clau não teria morrido. Não me sentia forte, me sentia sozinha e sem ter prá onde correr. Não me via com opção alguma. Ele tinha morrido e eu estava viva. Apenas isso. Muitos comentavam: "Poxa, e ainda com uma filha recém nascida no colo”.Ela sim foi a minha força, nela tinha a minha opção. Vida e Morte. Passei por estas duas emoções sem o que considero um intervalo razoável. Talvez esse breve intervalo entre uma e outra tenha me deixado confusa quanto ao que sentir, ou ao quê sentir. Não chorei o quanto deveria, no tempo previsto pela "normalidade", nem tão pouco sorri as graças dos balbucios da minha pequena. Travei sim. Fiquei perdida dentro da minha cabeça. Não sabia como agir. Achei que ser racional seria o melhor a ser feito, e esqueci que no meu mundo a emoção sempre vence a razão. Não sei pedir ajuda, não sei pedir colo. Não chorei nos braços da família. Temia por me mostrar frágil e eles não saberem como agir. Chorava muito sim, mas escondida, sozinha. Brigava com Deus, mas ao mesmo tempo implorava por Seu colo seguro, afinal Ele não contaria a ninguém e eu não estaria vendo sua reação as minhas loucuras e indagações. Por ai se vê que eu nada tinha de forte, ao contrário, fui sim muito covarde, medrosa. Por medo, não pedi ajuda. Por medo, chorei sozinha. Por medo, sorria. Por medo, não dei colo. Por medo, era intocável. Não queria ter que voltar a ser aquela sandra de antes do Clau. Independente, auto-suficiente. Demorei em aceitar a felicidade, deixar alguém realmente entrar na minha vida e dividi-la com esta pessoa. Sabia o caminho que havia percorrido até ali, não tinha sido fácil. Não queria fazê-lo novamente. Um dos pensamentos que mais me assustava era o fato de ter apenas 27 anos e já ter vivido tudo que pensava querer para o resto da minha vida. Estava formada, exercendo minha profissão, tinha minha casa, minha filha, meu carro, havia sido casada, amada, amei e agora? O que vou fazer com o resto da minha vida? Tinha uma sensação de já ter tido tudo que queria e ainda tinha uma vida toda pela frente...mas o que mais posso querer? O que faria agora sem meus sonhos? Eu tenho sonhos? Estagnação. Essa foi a grande verdade. Eu estava em movimento, mas em total estagnação. Isso é possível? Na minha vida foi. Newton teria elaborado uma bela teoria com o meu estado de inércia. Me fechei por um longo tempo para o amor( eu escrevi isso no passado?). Amigos me alertavam. "Você trata sua filha como uma adulta. Ela tem apenas 3 anos”. Outra seqüela. Por medo da perda, estava educando a Maria Eduarda de modo que com apenas 3 anos trocava-se sozinha, arrumava seus brinquedos sem solicitação, e quando caia o máximo que ela ouvia era: "levanta, não foi nada”. Consegui reverter a tempo. Quando me deparei que mal dava colo a ela, tive que aprender a ser mãe, e não educadora. Meu primeiro novo sonho do resto de minha vida: ser mãe de alguém que já estava fora do meu ventre. E com o passar do tempo, novos sonhos foram surgindo. A Duda tem uma importante participação no despertar d'eles todos. Ela é uma linda sonhadora, A cada dia tem um sonho diferente, e conta sempre com a minha confirmação para a realização deles, me impossibilitando de viver constantemente em estado de inércia. Voltei a sonhar, ou quem sabe, comecei a sonhar. A morte de um, com o nascimento de outro, me possibilitou ter a certeza de que não estou sozinha e nunca vou ficar. Tenho meus sonhos aqui dentro de mim.


“A vida não passa de uma oportunidade de encontro; só depois da morte se dá a junção; os corpos apenas têm o abraço, as almas têm o enlace" - Victor Hugo.

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

A Fragilidade da Vida Humana

Esse baixel nas praias derrotado
Foi nas ondas Narciso presumido;
Esse farol nos céus escurecido
Foi do monte libré, gala do prado.

Esse nácar em cinzas desatado
Foi vistoso pavão de Abril florido;
Esse Estio em Vesúvios encendido
Foi Zéfiro suave, em doce agrado.

Se a nau, o Sol, a rosa, a Primavera
Estrago, eclipse, cinza, ardor cruel
Sentem nos auges de um alento vago,

Olha, cego mortal, e considera
Que és rosa, Primavera, Sol, baixel,
Para ser cinza, eclipse, incêndio, estrago.

Francisco de Vasconcelos (1665-1723)

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Por todos os dias da...tua vida!


Mudança empilhada na casa da mãe, caminhão ia chegar as 9:00 da manhã, tinha acabado de sair do resguardo e aguardava ansiosa a sua volta. O telefone tocou...meu pai atendeu...começou a ficar nervoso, não conseguia entender e passou pra mim...
"Você conhece um Uno preto, com placa de Joinville, com um adesivo de uma empresa chamada Bumerangue? Tinha esse número de telefone no carro...”.
Se a voz no telefone não era dele me comunicando, sabia que algo estava errado...
"Liga pra polícia, eles podem te dar maiores informações”.
O tempo começou a passar mais lento depois desse telefonema...
“... olha... tinham três no carro, o que estava dirigindo, um loirinho esta bem, não aconteceu nada com ele. O maior de todos está a caminho do hospital, não sabemos se vai chegar vivo. Infelizmente o menorzinho morreu na hora”.
Desliguei...Desespero, ironia, sarcasmo, choro...Ridículo. Não acreditava, estava achando tudo simplesmente ridículo... O dia mais longo que vivi...Um caminhão no trevo de Irani fez com que esse domingo fosse o maior e mais estranho até então...
Domingo, 01 de julho de 2001. Cinco dias antes do meu aniversário, tínhamos planejado passar nossa primeira noite juntos após o resguardo comemorando com um jantar romântico no nosso apartamento. Deixaríamos a Maria Eduarda com meus pais, e pela primeira vez fiz ele prometer que não faria nenhuma surpresa... “Nada de festas surpresas... quero apenas nós dois... na nossa casa”.
Só conseguia pensar na nossa despedida, e pensamentos iam e vinham num descompasso acelerado...
"Ele viajou pra economizar oitenta reais...", “... ele não queria ir”, “... ele não escreveu no álbum da Duda...", “... eu pedi pra ele não ir”, “... dessa vez eu não pedi pro meu anjo da guarda acompanhar ele”, “... mania de não querer dormir no hotel depois do evento”, "A gente deveria ter feito amor antes d'ele viajar”, "O que eu faço? Vou buscar ele?”, "Ele não gosta de ficar sozinho. Ele deve estar com medo...", “... não fica com medo Vida... não fica”.
E foi assim por muito tempo, frases soltas surgiam numa seqüência que pra mim era lógica. Nos falamos na noite anterior, ele pediu pra eu ligar pra Dani ir vê-lo, minha amiga que foi nossa madrinha de casamento...Ironia do destino foi ela quem fez a pior parte...
Ele chegou a noite, primeiro me entregaram as alianças num envelope, cena mórbida que jamais esquecerei. Tínhamos duas, uma do casamento e uma que ele comprou no dia que completamos um ano de casados. Usávamos as duas...Tínhamos orgulho daquelas alianças...Desenhamos juntos...Quadrada, com um diamante...Tinha um significado especial. Marcava a verdadeira escolha pelo amor...diferente da aliança de noivado. A troca foi proposital.
Eu queria trocar a roupa dele, colocar um terno que ele amava, um par de meias que ele gostava muito, mas a Dani pediu muito no telefone pra eu não trocar. Quando o vi...ele estava lindo. Sim, um pouco inchado, mas suas mãos estavam quentes. Pedi pra Dani não deixar tirar uma barbichinha que ele tinha que eu adorava. Ela fez tudo perfeito. As mãos dele estavam tão lindas. Ele era muito vaidoso, ia semanalmente fazer as unhas. Naquela semana ( soube disso dias depois), ele tinha ido à Jane (a amiga cabeleireira) e havia dito que agora sim, tinha tudo que queria...o apartamento tinha ficado pronto, uma mulher que amava e a filha que sempre quis. Não lembro da minha filha naquele dia. Sei que tentei amamentar, mas ela (ou eu) não conseguia. Uma amiga fez isso por mim, cuidou dela com carinho e como ainda estava amamentando seus filhos, alimentou a minha também.
Lembro de pouca coisa desse dia. Tenho flashes. Lembro de algumas pessoas, outras não. Lembro de algumas cenas, outras não. Mas a cena que mais marcou, foi na hora de carregarem o caixão (não queria escrever essa palavra, não gosto. Pesada, mas não achei outra.). Tinha muita gente naquele local, isso estava me deixando agoniada porque sabia que eram poucos que estavam ali que realmente gostavam dele. A grande maioria estava ali por minha causa, isso me incomodava. Por favor, não me entendam mal, naquele momento tinha uma guerra dentro de mim, mas quando olhei as pessoas que o seguraram, que carregaram o Claudinei nos últimos momentos, fiquei em paz...Cada alça estava com alguém que o amava também. Cada um segurava uma lembrança do verdadeiro Claudinei. Cada lado era composto por pessoas que o conheciam como eu o conheci. Cada passo difícil e pesado foi revezado por amigos que quebraram a barreira que poucos conseguiram. Foi difícil deixar ele ir. Ele não gostava de silêncio, de ficar sozinho. Era materialista, e eu como espiritualista fiquei triste por saber do seu sofrimento, por ter que deixá-lo ir sozinho. É engraçado escrever isso: "por ter que deixá-lo", afinal quem deixou quem? Ele que partiu, ou fui eu que fiquei? Foi a vida dele que acabou, ou foi a minha vida que modificou? Foram os sonhos dele que foram sepultados, ou os meus que tive que deixar serem lacrados? Demorei pra entender, demorei pra sentir, demorei pra seguir...Demorei pra aceitar que o "por todos os dias da nossa vida" não era pra sempre.


Essa foto foi tirada no último evento que o Claudiney (com Y porque ele queria) realizou, na cidade de Chapecó. Horas depois, ao término do evento, voltando pra casa, parou num posto porque estava cansado. Passou a direção para o amigo, pois não queria dormir ao volante. Dez minutos depois, passaram direto pelo trevo de Irani. Eles não tinham a preferência. Um caminhão bateu na lateral do carro, do lado do passageiro, onde provavelmente o Clau dormia com a cabeça encostada na janela, como de costume. Ele morreu na hora, e graças a Deus foi o único. O "menorzinho" de todos virou uma luz e um exemplo em minha vida, e como cantou o poeta, e fiz questão de colocar na lápide..."Nada vai conseguir mudar o que ficou".

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Now starts the craft...

This Woman's Work
Maxwell

Pray God you can cope
I stand outside
This woman's work
This woman's world
Oooh, its hard on the man
Now his part is over
Now starts the craft, of the Father

I know you've got a little life in you yet
I know you've got a lot of strength left
I know you've got a little life in you yet
I know you've got a lot of strength left

I should be crying
But I just can't let it show
I should be hoping
But I can't stop thinking
All the things we should've said
That I never said
All the things we should've done
That we never did
All the things we should've given
But I didn't
Oh darling make it go
Make it go away

Give me these moments back
Give them back to me
Give that little kiss
Give me your hand

Por todos os dias...



E foi assim, de braço quebrado mesmo que ele assistiu o parto...mudo, imóvel, aos prantos...

Foi o momento mais mágico da minha vida, sei que posso dizer da nossa vida. No momento que ouvimos o chora dela...ai...sem palavras...uma mistura de choro com risos e gargalhadas tomou conta da gente.

O fato de ele estar com o braço quebrado o forçou a ficar por Joinville. Passou a delegar tarefas e enviar outras pessoas pra cuidar dos eventos, graças a um braço quebrado ele estava ao meu lado em mais um momento fundamental, e teve tempo de ter o que mais queria.

Passamos o meu resguardo na casa de meus pais, entregamos o apartamento alugado no dia que a Maria Eduarda nasceu, pois coincidiu com a entrega das chaves do nosso tão sonhado e suado lar.

Mas, os dias passavam, ela chorou por 40 noites, cólicas intermináveis. O dever nos chamava, eu tinha que retomar minhas atividades na Santé com minha sócia, tinhamos que resolver sobre a academia que ia de mal a pior, e ele tinha que voltar a viajar, afinal as contas estavam batendo na porta, ou melhor, esmurrando.

Sexta-feira, minutos antes de partir para mais um evento, meu coração apertou. Chorei, pedi pra ele não ir, implorei pra que ele enviasse alguém no seu lugar. Algo não estava bem dentro de mim. Ele até tentou, mas ao mesmo tempo disse que precisava ir. Perguntou por que eu estava daquele jeito e eu então respondi: "to com medo que você vá e não volte."

Choramos juntos e nos despedimos.

sábado, 16 de agosto de 2008

... e na doença

Dei a notícia a ele da maneira mais romântica que pude imaginar. Foi lindo, as lágrimas nos seus olhos mostravam sua felicidade. Esteve a meu lado em todas as idas ao médico, tinha pavor de hospital, já havia fugido de alguns, mas o Dr. Jean, meu obstetra, fez um trabalho maravilhoso preparando-o para estar ao meu lado no nascimento da Maria Eduarda. Ah, ele queria uma menina, e conseguiu. Minha gestação foi tranqüila, tivemos alguns obstáculos, mas passamos por eles. Como tive um sangramento no quarto mês, o médico pediu para fazer apenas hidroginástica, tendo que parar com a capoeira, dança e as aulas que eu dava na academia. Isso me rendeu 22 kg a mais no final da gravidez. Pressão alta somente no dia da consulta. Acreditávamos ser ansiedade, e um novo sangramento no final do oitavo mês, onde então tive que ficar em repouso absoluto (absoluto não fazia parte do meu vocabulário, troquei por "na medida do possível").Nesta época surgiu mais um acontecimento, Clau me liga da cidade onde estava trabalhando, havia caído do trapézio (não bastava vender e administrar o evento, ele tinha que se meter... oh saco!). Braço quebrado. Super chateado com o acontecimento, apenas pude consola-lo à distância: "Vida, fica calmo. Nada é por acaso. Talvez isso tenha acontecido pra te livrar de algo pior. Talvez esse braço quebrado seja pra você parar um pouco.Te amo. Volta com Deus”.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Ta ouvindo Duda?

Acalanto
Leila Pinheiro
Composição: Ivan Lins, Aldir Blanc e Vitor Martins

Pulsa dentro, aqui no ventre
O meu rebento que eu nunca tive
Vive preso ao meu desejo
De concebê-lo
Tão calmo e livre
Sonho enquanto eu canto
Esse acalanto que o faz ninar
Durma que está escuro
Não tá seguro
Pra se acordar
Tenho pressa que o mundo mude
De atitude
Pra recebê-lo
Por enquanto arrumo o quarto
Adio o parto
Pra protegê-lo
Sonho enquanto eu canto
Esse acalanto que o faz ninar
Durma que está escuro
Não tá seguro
Pra se acordar

Na saúde...

Camisinha, tabelinha, peito doendo como sempre antes dos terríveis sete dias, cólicas infernais...sem noção porque tomava muito cuidado. Achava que não era o momento ainda...Mas espera ai!!!Acho que já era pra ter vindo!!!Quando foi mesmo a última vez?Será?
Comprei o tal exame de farmácia, acordei cedinho, me tranquei no banheiro e fiquei daltônica e burra...
Não enxergava aquela cor. Vermelho? Azul?
Não conseguia contar. Um risco? Ou são dois?
Fiquei cerca de vinte minutos trancada no banheiro sem entender ao certo o que estava acontecendo ali dentro.

"Ai meu Deus... Espera... vou ler a bula novamente...”.

Aguarde cinco minutos e confira o resultado.

CINCO MINUTOS???Como assim??? Eu estava ali há uma eternidade...

“Tá bom. Vamos ler novamente. Calma. Um risquinho azul, negativo.
Dois, um vermelho, outro azul, positivo.”

Respirei fundo...

"Tá...é melhor fazer um BetaHCG. Não dá pra confiar nesses testes de farmácia."

Tinha paciente o dia todo, sem trégua pra buscar o resultado. Fiquei digerindo a idéia entre um paciente e outro, e confesso...durante os atendimentos também.
Acabei gostando da possibilidade. Ele queria tanto...
Telefonei. Então a voz disse...
Sim mamãe....parabéns!!!


sábado, 9 de agosto de 2008

E que dor!

As Dores do Mundo
Jota Quest
Composição: Hydon

O teu olhar caiu no meu
A tua boca... na minha se perdeu!
Foi tudo lindo, tão lindo foi
E nem me lembro
Que veio depois...
A tua voz dizendo amor
Foi tão bonito
Que o tempo até parou
De duas vidas, uma se fez
Eu me senti
Nascendo outra vez...

E eu vou!
Esquecer de tudo
As dores do mundo
Não quero saber
Quem fui
Mas sim quem sou

E eu vou!
Esquecer de tudo
As dores do mundo
Só quero saber do seu
Do nosso amor...

Na Alegria e Na Tristeza...

"Eu recebo-te por meu esposo,
Prometo ser-te fiel,
Amar-te e respeitar-te,
Na alegria e na tristeza,
Na saúde e na doença,
Por todos os dias da nossa vida."



E foi assim, fui fiel, amei, respeitei, passamos por poucas e boas, rimos muito, cuidamos um do outro, viajamos muito...por todos os dias da "nossa" vida...Foi um casamento muito gostoso, não perdemos toda nossa individualidade, porque convenhamos, como é difícil viver a dois sem se perder um no outro. Um a um, diferentes com pontos em comum, um ao lado do outro, nada de alma gêmea, duas pessoas que resolveram passar o que se achava todos os dias da vida, muito bem vividos. O trabalho dele proporcionava aventuras, saudade, paixão. Não deixou nunca de conquistar, cultivou isso até o último segundo.
Nossa Lua de Mel foi apenas de três dias em Floripa, e com telefone ainda ligado. Eu recém formada ainda penava na busca, passei de fonoaudióloga a proprietária de academia, de terapeuta a gerente de uma empresa de eventos, de audiologista a personal striper. Cheguei a prestar novo vestibular para educação física, uma vez que estava apaixonada pela capoeira e já era proprietária de uma academia. Ele sempre ao meu lado na eterna indecisão. Odiava capoeira, na verdade tinha um certo ciúme, mas quando eu cogitei a hipótese de abrir o Studio Afro-Brasil de Capoeira, foi o primeiro a pegar no pincel e mandar ver na sala que aluguei. Eu também não curtia muito o trabalho dele, mas quando aceitei o pedido, eu mesma coloquei como pré-requisito a total aceitação e compreensão da sua atividade. Ele trabalhava com a noite, promoter de eventos, vivíamos em boates, digo vivíamos porque durante algum tempo cuidei da parte financeira da empresa e auxiliava na construção dos personagens. Acidentes de percurso, literalmente, me fizeram reatar com minha inicial escolha profissional. Chorou comigo, cuidou de mim.


Na alegria: Porto Seguro, Ribeirão Preto, Carazinho...Boates, bares, botecos...Hotel, pensão, barraca...Baturité, Julieta Envenenada, República...Camarão, macarrão, pão...Go go Boys, stripers, drags...Vídeo, cinema, Jô...Praia, Reservas, Castelo dos Bugres...Cama quebrada, mesa flexora, janela do carro...Casa, academia, escritório...Uma taça de vinho apenas, queijo, camisinha...Família, poucos amigos, Babi...Casa própria, barriga, é menina...


Na tristeza: Trabalho, patroas, casas vazias...Aluguel, voltar, rescisão...Meu passado, nosso presente, futuro dele...Natal longe, 2000 na estica, casamentos sozinha...Traição alheia, amigos, política de boa vizinhança...Família, calúnia, preconceito...Dívida, Faustão chamou, desacordo contratual...Atropelamento em casa, braço quebrado no trapézio, um telefonema...

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Gritos aos sussurros

Fora da Lei
Ed Motta
Composição: Ed Motta/Rita Lee

Cidade nua
Noite neon
Gata de rua faz ron-ron ao luar
Saio da cama
Pulo a janela
Ninguém como ela, ao luar

Mia, arranha o céu
Mia, lua de mel ao léu, well
Dois gatos pingados fora da lei
Ela é a rainha eu o rei
Farra no telhado fora da lei
Tudo bem
Sobe desce muros fora da lei
Ela sai por onde entrei
Gritos e sussurros fora da lei

Cidade nua
Faz serenata
Beijo na boca, vira-lata, de lixo
Amor de bicho
Paixão maluca
Cama de gato
Kama Sutra ao luar

Dois gatos pingados...


Eu, Fundo de Quintal, Alcione. Ele, Jamiroquai, Sade.
Eu, peixe. Ele, carne.
Eu, capoeira. Ele, musculação.
Eu, danço. Ele, também.
Eu, barzinho. Ele, boate.
Eu, família. Ele, adotou a minha.
Eu, falo muito. Ele, escuta bem.
Eu, bagunço. Ele, arruma.
Eu, leio. Ele, assiste.
Eu, amigos. Ele, cinema.
Eu, como. Ele, muito mais.
Eu, não bebo. Ele, nem pensar.
Eu, coca ligth. Ele, fanta uva.
Eu, sonho. Ele, realiza.
Eu, acordo. Ele, dorme.
Eu, hum...de manhã. Ele, ah...a noite.
Eu, segurança. Ele, ousadia.
Eu, pai. Ele, mãe.
Eu, amo viajar. Ele, viajando a trabalho.
Eu, aprendi amar. Ele, ensinou.
Eu, simpática. Ele, fechado.
Eu, será?. Ele, claro!.
Eu, espiritualista. Ele, não sei.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Amor e/com Sexo

Amor e Sexo
Rita Lee
Composição: Rita Lee / Roberto de Carvalho / Arnaldo Jabor

Amor é um livro
Sexo é esporte
Sexo é escolha
Amor é sorte...
Amor é pensamento
Teorema
Amor é novela
Sexo é cinema...
Sexo é imaginação
Fantasia
Amor é prosa
Sexo é poesia...
O amor nos torna
Patéticos
Sexo é uma selva
De epiléticos...
Amor é cristão
Sexo é pagão
Amor é latifúndio
Sexo é invasão
Amor é divino
Sexo é animal
Amor é bossa nova
Sexo é carnaval
Amor é para sempre
Sexo também
Sexo é do bom
Amor é do bem...
Amor sem sexo
É amizade
Sexo sem amor
É vontade...
Amor é um
Sexo é dois
Sexo antes
Amor depois...
Sexo vem dos outros
E vai embora
Amor vem de nós
E demora...
Amor é cristão
Sexo é pagão
Amor é latifúndio
Sexo é invasão
Amor é divino
Sexo é animal
Amor é bossa nova
Sexo é carnaval
Amor é isso
Sexo é aquilo
E coisa e tal!
E tal e coisa!
Ai o amor!
Hum! O sexo!

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Sim, eu aceito.

Nos meses que seguiram até o casamento tivemos algumas provações. Momentos não tão agradáveis, escolhas a serem feitas, pessoas que ambos teriamos que deixar para trás, iniciar uma vida a dois sem a casa própria...enfim, nada que a grande maioria não tenha passado, mas que quando estamos dentro da história é absurdamente exaustivo...Hà dois meses do casamento, com vestido pronto, local fechado, convites distribuidos tivemos nossa grande e decisiva discussão, cheguei a terminar o noivado, me arrepender por ter deixado tanta coisa para trás, mas eis que com a tempestade veio o sol mais lindo já visto. Constatei: eu o amo sim...não vou me sabotar mais uma vez.
E foi assim, a menos de dois meses do grande passo que descobri que o amava. No dia 15 de março de 1998, exatamente no dia que completamos um ano de namoro, falamos o "sim" para a felicidade.Passamos por cima de muita coisa, orgulho, medo, inveja, traição, uma pequena torcida contra e outra esperando o momento de dizer: “eu não avisei...".
Foi uma cerimonia simples, mas com muito brilho, um brilho que vinha da nossa alma; dos familiares e dos poucos amigos queridos que estavam presentes.


Por fim, brindamos a nossa ousadia.