sexta-feira, 29 de junho de 2007

Drauzio Varela

Pra que serve uma relação?


Uma relação tem que servir para você se sentir 100% à vontade com outra pessoa, à vontade para concordar com ela e discordar dela, para ter sexo sem não-me-toques ou para cair no sono logo após o jantar, pregado.
Uma relação tem que servir para você ter com quem ir ao cinema de mãos dadas, para ter alguém que instale o som novo enquanto você prepara um omelete, para ter alguém com quem viajar para um país distante,
para ter alguém com quem ficar em silêncio sem que nenhum dos dois se incomode com isso.

Uma relação tem que servir para, às vezes, estimular você a se produzir, e quase sempre,estimular você a ser do jeito que é,de cara lavada e bonita a seu modo.
Uma relação tem que servir para um e outro se sentirem amparados nas suas inquietações, para ensinar a confiar, a respeitar as diferenças que há entre as pessoas, e deve servir para fazer os dois se divertirem demais, mesmo em casa, principalmente em casa.
Uma relação tem que servir para cobrir as despesas um do outro num momento de aperto,e cobrir as dores um do outro num momento de melancolia,e cobrirem o corpo um do outro quando o cobertor cair.
Uma relação tem que servir para um acompanhar o outro no médico,para um perdoar as fraquezas do outro, para um abrir a garrafa de vinho e para o outro abrir o jogo, e para os dois abrirem-se para o mundo, cientes de que o mundo não se resume aos dois.

quarta-feira, 27 de junho de 2007

Vó é mãe duas vezes!!!


Mulher guerreira, tem cara de brava, mas tem um coração de ouro. Portuguesa legítima, canta cirandas e fados, conta contos, e faz um leitão como ninguém...
Nasceu em Maçãs Dona Maria, uma Vila Portuguesa, é a caçula de uma família com sete filhos...
Analfabeta, seu grande desgosto, mas sábia. Costumava contar sua vida sofrida com muito orgulho. Casou, e foi acompanhar o marido na África do Sul. Lá morou numa cabana no meio da selva onde ouvia o "choro das feras", como ela costumava dizer. Passou fome, sede, medo, mudou-se então para o centro de Angola, teve seus dois filhos e teve sua casa queimada e um filho "desenganado" do médico, mas que com sua fé o curou. Mulher religiosa. Como se não bastasse veio a guerra e teve que recomeçar a vida no Brasil com seus filhos (nunca os abandonaria). Recomeço difícil, o marido teve um derrame e logo veio a falecer, ela se tornou um pouco mais dura , quase que amarga, mas tinha uma linha, mesmo que tênue, separando-a disso.
Até os 11 anos eu dormia com ela, devo o que sou, moralmente falando. Fui educada na base do olhar e citações, chavões e talvez decorra dai o meu interesse em aforismos. Confesso que muito do respeito que tinha por ela se confundia com medo. Ela era de certa forma assustadora, só mostrava os dentes a quem confiava.
Sou bem diferente dela sim, mostro os dentes a qualquer pessoa, mas meus credos, meu moralismo, minhas convicções tiveram base no que aprendi e observei com esta mulher.
Infelizmente hoje ela sofre de esclerose e depressão, já não é tão engraçada(sim, ela era muito cômica) nem tão durona; já não nos conta suas histórias; não me chama atenção quando observa que ando pelo caminho "errado"; mas continua educando com citações incríveis: " Rir e zombar, cada coisa em seu lugar."

terça-feira, 26 de junho de 2007

"Entre aspas"

"O vento aqui não pára. Nem um segundo,nem um pouquinho. Ah, se eu fosse moinho..." Fabio Rocha



"Tem dias que a gente se sente; Como quem partiu ou morreu; A gente estancou derrepende; Ou foi o mundo então que cresceu; A gente quer ter voz ativa; No nosso destino mandar; Mas eis que chega a roda-vida; E carrega o destino, pra la.

Roda mundo, roda gigante; Roda moinho, roda pião; O tempo rodou num instante; Nas voltas do meu coração.

A gente vai contra a corrente; Até nao poder resistir;Na volta do barco é que sente; O quanto deixou de cumprir;Faz tempo que a gente cultiva; A mais linda roseira que há. Mas eis que chega Roda-Viva; E carrega a roseira pra lá.

Roda mundo, roda gigante; Roda moinho, roda pião; O tempo rodou num instante; Nas voltas do meu coração.

A roda da saia, a mulata; Nao quer mais rodar não senhor; Nao posso fazer serenata; A roda de samba acabou; A gente toma a iniciativa; Violoa na rua a cantar; Mas eis que chega a roda-vida; E carrega a viola, pra lá.

Roda mundo, roda gigante; Roda moinho, roda pião; O tempo rodou num instante; Nas voltas do meu coração.

O samba, a mulata, a roseira; Um dia a fogueira queimou; Foi tudo ilusão passageira; Que a brisa primeira levou; No peito a saudade cativa; Faz força pro tempo parar;Mas eis que chega a roda-vida; E carrega a saudade pra lá.
Roda mundo, roda gigante; Roda moinho, roda pião; O tempo rodou num instante; Nas voltas do meu coração."

Chico Buarque

domingo, 24 de junho de 2007

Oscar Wilde


"Amar a si mesmo é o começo de um romance vitalício."

sábado, 23 de junho de 2007

Como os nossos pais


Seu Victor e D. Fatima...ai, ai...
Claro que não me cabe aqui contar a história desse dois, mas não tem como falar da minha sem falar deles.
Casaram-se em 05 de Agosto de 1973, dia do aniversário da minha mãe, completando 18 anos...sim, uma criança...tiveram responsabilidade muito cedo, pois em Setembro de 1974 meu pai já estava comigo no colo correndo no meio de um fogo cruzado, escondendo-se entre um poste e outro, para chegar a sua casa e salvar o restante que havia sobrado na invasão: um albúm de casamento.
Vieram para o Brasil e foram acolhidos por um tio que já estava no Brasil a alguns anos, ele lhes deu uma perspectiva de vida, não a sonhada, mas a possível naquela altura.
Como bons portugueses começaram no setor de panificação, e ficaram nessa por 27 longos anos...ascensão e decadência, mas isso não me pertence.
Devo a eles minha existência e minha formação, "...batalharam grana, seguraram legal a barra mais pesada que tiveram..." . Sofreram e tiveram que abdicar de muita coisa, uma delas minha educação, esta devo a uma outra pessoa que falarei posteriormente.
Tenho mais lembranças da atualidade, eles se fizeram mais presentes nela. Principalmente após o nascimento da minha filha. Sim, amo muito esses dois.

terça-feira, 19 de junho de 2007

Paralelo ao Brasil


No dia 06 de julho de 1974, na cidade de Lourenço Marques, colônia portuguesa iniciei minha atual existência. Meus pais se conheceram em Angola, e na lua de mel já fui concebida, claro que este detalhe é segundo informações colhidas. Nasci no meio da revolução, e no dia do meu batismo (católica sem opção) foi o dia D para minha família. Os negros que lutavam pela independência invadiram a casa de meus pais e fomos levados a recomeçar a vida. Embora a maioria de nossos parentes estivessem em Portugal, viemos parar no Brasil, sabe aquela história de sonho americano? Pois é, o sonho brasileiro...rs


Enfim, essa foto é uma das poucas recordações tiradas na minha terra natal, foi exatamente no dia D. Cheguei ao Brasil no mês de Setembro deste mesmo ano, e como diriam meus patrícios: cá estou!!!

segunda-feira, 18 de junho de 2007

A idéia inicial

Desde que minha filha nasceu iniciei um certo tipo de diário onde queria futuramente passar para ela o que aconteceu antes de vir ao mundo...
Segundo José Martí, apóstolo cubano mártir da independência de Cuba(país que ainda quero conhecer), para se ter uma vida completa devemos plantar uma árvore, ter um filho e escrever um livro....
Se a árvore sobreviveu?...Não sei...a Duda ta cada vez mais linda....e o livro se iniciou num esboço caderno amarelado com espaços gigantescos entre um fato e outro.
Por fim, resolvi aderir ao blog e compartilhar momentos que possam ser compartilhados.