quarta-feira, 27 de junho de 2007

Vó é mãe duas vezes!!!


Mulher guerreira, tem cara de brava, mas tem um coração de ouro. Portuguesa legítima, canta cirandas e fados, conta contos, e faz um leitão como ninguém...
Nasceu em Maçãs Dona Maria, uma Vila Portuguesa, é a caçula de uma família com sete filhos...
Analfabeta, seu grande desgosto, mas sábia. Costumava contar sua vida sofrida com muito orgulho. Casou, e foi acompanhar o marido na África do Sul. Lá morou numa cabana no meio da selva onde ouvia o "choro das feras", como ela costumava dizer. Passou fome, sede, medo, mudou-se então para o centro de Angola, teve seus dois filhos e teve sua casa queimada e um filho "desenganado" do médico, mas que com sua fé o curou. Mulher religiosa. Como se não bastasse veio a guerra e teve que recomeçar a vida no Brasil com seus filhos (nunca os abandonaria). Recomeço difícil, o marido teve um derrame e logo veio a falecer, ela se tornou um pouco mais dura , quase que amarga, mas tinha uma linha, mesmo que tênue, separando-a disso.
Até os 11 anos eu dormia com ela, devo o que sou, moralmente falando. Fui educada na base do olhar e citações, chavões e talvez decorra dai o meu interesse em aforismos. Confesso que muito do respeito que tinha por ela se confundia com medo. Ela era de certa forma assustadora, só mostrava os dentes a quem confiava.
Sou bem diferente dela sim, mostro os dentes a qualquer pessoa, mas meus credos, meu moralismo, minhas convicções tiveram base no que aprendi e observei com esta mulher.
Infelizmente hoje ela sofre de esclerose e depressão, já não é tão engraçada(sim, ela era muito cômica) nem tão durona; já não nos conta suas histórias; não me chama atenção quando observa que ando pelo caminho "errado"; mas continua educando com citações incríveis: " Rir e zombar, cada coisa em seu lugar."

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