segunda-feira, 6 de abril de 2009

Voltando de Marrakesh


Faz pouco tempo, estava lendo um blog que acompanho e admiro e eis que me deparo com uma frase que me perturbou por semanas: " Triste é um pai que dá o exemplo de resignação, indiferença emocional e ausência de envolvimento." Fabricio Carpinejar tem o dom de dar tapas e nem sempre vem acompanhados de pelicas. Este sem dúvida me deixou roxa por semanas. Achava-me a mãezona protegendo minha cria de possíveis relacionamentos fadados ao fracasso e outros que até tinham um prognóstico favorável, porém eis que me vejo assutada com a possibilidade de até então ter passado a imagem de uma mãe fria, indiferente e auto-suficiente em matéria de amor. Não pretendo me justificar com quem me observa, porém preciso tentar achar uma justificativa pra esse "medo transmissível". Pensei que pelo fato de minha filha não ter lembranças de um pai e querer tanto um, pudesse se frustrar em criar expectativas em cima de um possível candidato. E como admitir a ela que eu não tinha intenção de achar-lhe um pai? Sim espero por alguém, um dia, ou por uns dias, mas não seria eu injusta em privar essa oportunidade a minha filha? Como conseguir um pai sem ter um marido? Porque as pessoas precisam tanto do convencional? Me irrito muitas vezes com perguntas sem maldade expressas...Costumo responder que já fiz meu papel na sociedade, já me formei, já casei, já tive filho...Pronto. Mas sempre há espaço: Já casou novamente? Não quer mais filhos? Sinceramente não sei bem o que quero, mas sei o que não quero.
Não quero ser cobrada se gosto de sexo e sei separar isso de amor. Gosto sim, e muito.
Não quero ser indagada se não pretendo mais casar. Simplesmente não planejo... Não encontro um casamento no Angeloni...senão parcelaria no cartão e devolveria caso não fosse o que procurava.
Não acredito no pra sempre, mas isso não me tira o direito de sonhar e tão pouco me torna uma pessoa fria.
Amo minha filha sim incondicionalmente, e isto não discuto, mas isso não me faz querer, por hora, outro filho.
Não consigo deixar uma boa roda de samba pelo homem mais lindo a me olhar, isso não quer dizer que não podemos nos ver depois do Boa Noite.
Faço o que gosto e não deixarei de fazer por relacionamentos, posso apenas negociar. Nunca abandonar.
Agora, não quero de forma alguma passar, mesmo que sublinarmente, a mensagem de que sou indiferente emocionalmente. Não sou. Amo muito, me apaixono sempre, me dedico a quem amo, apenas não sei ainda dividir isso com minha filha, e quiçá com o outro.
Depois que li Fabrício ousei chorar na frente de minha filha, ela me deu colo, ficou em silêncio e chorou também. Foi o silêncio mais confortante que recebi. Nosso silêncio tem som. Diria que uma sinfonia iluminada...



"Esse papo meu tá qualquer coisa e você tá pra lá de Teerã...”.