sábado, 10 de agosto de 2019

Antes a resistência, do que o chuveiro.

O dia de ontem não foi dos melhores. Tinha tudo pra ser um daqueles "sextou", começou com uma energia louca de entrega, de que tudo posso, mas aos poucos o dia foi se transformando. 
Batalha mental, reunião mensal com meta não atingida, noticia de que uma jovem mulher e mãe tirou sua própria vida, ficha caindo de que to na zona de conforto e preciso botar esse bundão pra rebolar, e pra fechar com chave de ouro, banho gelado em pleno mês de agosto.
Engraçado como a gente vai absorvendo algumas energias a ponto de acabar com toda sua resistência, e o dia acabou exatamente assim, com a resistência do chuveiro queimando, literalmente e metaforicamente.
Acabei meu banho gelado, sentei no sofá, respirei e resolvi me recolher. Pra dentro mesmo. Respirar, observar, analisar e por fim, sentir. Como me é difícil sentir sem pensar.
De tempos em tempos preciso fugir do mundo que me distrai pra encontrar comigo mesma. E assim o fiz. Estou aqui na minha praia do coração. Pedi ajuda pra ficar perto do mar sozinha. Essa parte já aprendi, já sei pedir ajuda, não gosto, mas to treinando.
Ver o mar me acalma. Ficar sozinha me reconecta com a minha força estranha. Sentir o vento, a brisa, me faz sentir o que não posso tocar, e isso me da a certeza que não sou apenas matéria, minha alma esta ali, bem grudadinha em mim.

Essa vem com manual, a nossa, não!

O chuveiro queimou. Não, não queimou, foi apenas a resistência. E isso a gente troca fácil. Não tão fácil pra uma mulher de um metro e meio que se sente desprotegida embaixo da água fria.  Mas a gente se retira rápido, enxuga o corpo gelado, se acaricia com um creme pra esquentar, veste um pijama que já tem a forma do seu corpo, senta no sofá e bota a mente pra funcionar. É noite. Hoje não consigo resolver, então paciência. Amanhã você pensa nisso. Cedo levantei, cedo resolvi. Não tão rápido quanto quem já ta acostumado, afinal essa foi a minha primeira resistência trocada totalmente sozinha.
O chuveiro já vinha dando sinais, eu que não quis resolver. "Ah, quando queimar, eu troco".
E as vezes é assim que a gente vai levando. No meu caso foi apenas a resistência, no daquela jovem mulher, foi o chuveiro inteiro. Ela por algum motivo não quis trocar, não quis pedir ajuda, e a casa é dela, o chuveiro é dela. 
Então, não cabe a ninguém dar palpite furado dizendo que era apenas uma resistência queimada. 
A dor do outro me perturba mais que a minha. Na verdade, não é a dor, e sim o sofrimento.
Dor é inevitável quando sentida, mas o sofrimento sempre achei ser opcional. Mas será mesmo? 
Eu consigo olhar pra dentro, me respeitar, e cuidar pra não sofrer, apenas sentir a dor, mas talvez algumas pessoas não tenham ainda achado esse caminho onde a dor não tem razão.
E voltamos a chave principal. A resistência. Ela só faz sentido se estiver ligada a uma tomada, a energia, do contrário, mesmo novinha, não vai funcionar. E hoje trocando sozinha lembrei que pra ela não queimar de novo, antes é preciso um banho de água fria.

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