terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Fábulas


Quando criança, minha vó, D. Georgina, a mulher guerreira que já falei mais abaixo, costumava contar "causos" alegóricos, contos, fábulas para melhor ser compreendida.......ou não!!
Enfim, foi sempre muito enigmática, falava nas entrelinhas, e logo vinha aquele chavão ou aforismo acompanhando a moral da história, tudo isso com um único intuito....Educar.
Sim, ela prezava muito a educação, queria que eu me tornasse uma mulher digna, de respeito, trabalhadora, e uma eximia mãe. Uma Amélia, essa sim era a mulher ideal nos conceitos de minha vó. Não estou criticando em hipótese alguma as Amélias, até porque segui muitos dos conselhos de minha avó. No meu casamento tive muitas atitudes de Amélia, e os resultados foram surpreendentemente positivos para ambas as partes, pelo menos na maioria das vezes.
Por fim, gosto do que me tornei, do que minha avó ajudou a lapidar.
Voltando as fábulas, o mais conhecido sem dúvida é Esopo que se tornou famoso por suas pequenas histórias, acompanhadas sempre de um sentido ou ensinamento. Seus personagens principais são animais falantes, que cometem erros, uns sábios, outros tolos, maus, bons, exatamente como nós seres humanos.
Conta-se numa das fábulas, As Línguas de Esopo, que ao servir seu senhor que havia solicitado que Esopo comprasse o que havia de melhor no mercado, ele serviu língua bovina para os convidados, o que deixavam transparecer o desagrado pela comida servida. Esopo argumentou que ela é o laço da vida, da razão; e por meio dela as cidades são construídas e policiadas. Graças a ela as pessoas não só são instruídas, persuadidas e convencidas nas assembléias, mas também cumprem o primeiro de todos os deveres, que é o de louvar a Deus. Xanto, seu senhor, querendo embaraçá-lo replicou dizendo que amanhã queria que Esopo comprasse o que havia de pior.
Pois bem, no dia seguinte, Esopo serviu novamente línguas, apenas afirmando que a língua era a pior coisa que há no mundo; a língua é a mãe de todas as questões, a origem de todos os processos, a fonte das discórdias e das guerras. Se por um lado se ela é o órgão da verdade, de outro é também o do erro e, pior ainda, o da calúnia e da infâmia, porque se em dado momento ela louva os deuses, em outro é usada para a blasfêmia e a impiedade.

Nenhum comentário: